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sábado, janeiro 12, 2013

Economia Parte III: a Economia ainda é uma ciência social?

Até aos anos70-80 do século XX, a Economia tinha pergaminhos como ciência humana e social. Estudava-se, durante o curso, direito, ciência política, sociologia, história. Tinha-se uma visão mais integrada da sociedade e do modelo económico seguido. Hoje, o curso tem um conteúdo muito mais quantitativo e abstracto.
Outras cartilhas se impuseram nos últimos trinta anos. Se é verdade que o estado entretanto engordou obscenamente, transformado numa espécie de porquinha que tem alimentado uma clientela insaciável e dependente (empresas, bancos, fundações, partidos, grupos de interesses, pessoas), é de recear que estejamos a assistir a uma matança cega do animal. Os dois ou três economistas que no essencial nos governam, mais os técnicos internacionais, desferem golpes cegos com as suas facas de talhante. Têm mentalidade de contabilistas, privilegiam a óptica monetária sobre a económica, ignoram as complexidades da ciência social.
Os portugueses, votantes de vez em quando e sempre contribuintes, cerram os dentes e vão apertando o cinto. O clima é deprimente, desolador, sem esperança. Velhos à míngua, quando já pouco podem esperar da vida, jovens sem qualquer esperança de fazer uma vida normal. Precários, desempregados, com um futuro muito problemático.
Que podemos fazer por nós próprios nestas circunstâncias?
Autonomia, criatividade, trabalho, persistência, resiliência. Não somos apenas um número no papel do IRS, implacavelmente espremidos todos os dias, por um estado ineficaz no resto (quando não corrupto). Temos de tomar melhor conta das nossas vidas. Chegámos a este estado de coisas porque temos sido apáticos no que respeita à má governação. Não quisemos saber, fechámos os olhos, deixámo-nos, salvo excepções, comprar com crédito fácil e promessas, mais promessas.
Que ao menos esta terrível situação sirva para nos tornarmos melhores e mais capazes cidadãos. Para isso é preciso trabalho e disposição. O que não é fácil quando se anda a assegurar a cada vez mais difícil sobrevivência. Precisamos de saber tratar de nós a nível mental e físico. Temos de ser mais fortes e mais exigentes.

sábado, abril 07, 2012

ARTE e PSICANÁLISE

Teatro: “Fingido e Verdadeiro, ou o Martírio de S. Gens”

Puro prazer. De representar, de assistir, de sentir e de pensar.

Teatro dentro do teatro, dentro do teatro.


Falo da peça que a Cornucópia (Teatro do Bairro Alto), pelas mãos de Luís Miguel Cintra e de um coeso grupo de actores, estreou na passada quinta-feira, dia 29 de Março e que estará em cena até 29 de Abril. Recomendável ver.



É uma festa, simultaneamente rigorosa e descontraída, moderna e clássica, que nos brinda com uma homenagem ao teatro.

Mas é também um texto cheio de camadas. Que parte de uma fragmentação do texto ‘Lo Fingido Verdadero', de Lope de Vega (1562-1635), reconvertido em “ Fingido e Verdadeiro, ou o Martírio de S. Gens”, depois de cruzado com outras fontes: ‘Flos Sanctorum' (texto anónimo português do século XVI) e ‘História Imperial e Cesárea' (de Pedro Mexia), e de entremeado com citações de Santo Agostinho, Tertuliano, Louis Jouvet e Jean Genet.

O resultado é um exercício preciso e condensado de criação e criatividade, concebido criticamente a partir de textos clássicos, e com sabedoria encenados (Luís Miguel Cintra) e cenografados (Cristina Reis). A acção central situa-se no século III, no tempo do Imperador de Roma Diocleciano, e Gens, actor e encenador, ao representar um cristão, transforma-se num (converte-se) e vem a ser condenado à morte. Parece que Lope de Vega terá escrito “ Lo Fingido Verdadero com a ideia de que fingir e fazer verdade são duas coisas diferentes, e que naquele dia quando o São Gens estava a representar, estava a fingir, e de repente aquilo que ele fingia tornou-se verdadeiro” diz-nos Luís Miguel Cintra.


Fingir tão completamente é procurar em si aquilo -- que, na memória de pensamentos, sensações e emoções-- está em sintonia com, ou se aproxima mais do que está a ser fingido ou representado. Quem escreve, ou encena, ou representa, acaba por falar de si.


A colagem, ou a intersecção de textos e de épocas, não faz perder a unidade do conjunto, ou a qualidade do impacto. Os vários bastidores, atravessados por comentários e cenas, acabam por ser fundidos numa linha narrativa consistente É uma coisa única, e como experiência única se constitui.

Como um ensaio a que assistimos, de um ou de vários espectáculos, a peça em 3 actos vai cerzindo as várias épocas, e faz-nos pensar nas ligações entre o poder e a arte teatral, a política e o investimento na actividade cultural, a verdade e o engano, a realidade e a ficção, o trabalho do actor, aquilo que o actor transporta do seu papel para si mesmo, e vice-versa, a verdade e a mentira.


E, fazendo a ponte, o tema da verdade e da mentira, da falsidade e do engano, é um tema bem caro à psicanálise, ao par terapeuta-paciente, e àquele ambiente onde a relação terapêutica se estabelece. Onde a busca da verdade é, em si, um processo terapêutico, como dizia Melanie Klein.

Mas a verdade e as verdades do sujeito (paciente), comunicadas através de palavras, silêncios e do seu corpo, que aparecem nem sempre muito claras ou coerentes, a pouco e pouco vão-se desenrolando, e vão-se distinguindo o verdadeiro do falso ou do fingido, na trama que acontece no palco da vida mental.

Freud dizia que “a relação entre analista e paciente se baseia no amor à verdade – isto é, no reconhecimento da realidade – e isso exclui qualquer tipo de impostura ou engano.” Para ele, as falsificações mentirosas integravam a operação de repressão, e “a repetição da mentira a tornaria uma verdade.” Por outras palavras, as mentiras, incluindo as mentiras sociais de conveniência (desculpas dissimuladas, omissão, exagero, deturpação...), apegam-se e são muitas vezes incorporadas por quem as cria, levando o seu criador a acreditar com convicção na sua versão da verdade, ou na sua ficção.


Por outro lado, as falsificações, auto-enganadoras e espécie de mitos pessoais, desenvolvem-se desde a infância como escapada às emoções difíceis, intoleráveis, penosas, no plano do inconsciente, afectando a função de pensar do sujeito, e são distintas do conceito de mentira onde impera uma deliberação consciente ou pré-consciente. Bíon, considerava também a busca da verdade como essencial ao crescimento mental, processo que exigia o estabelecimento de confrontos e de interrelações entre factos passados e presentes, entre realidade e fantasia, entre verdades e mentiras, e entre aquilo que o sujeito faz, diz e aquilo que, efectivamente, ele é.


A questão da verdade é assim um aspecto nuclear na psicanálise e na psicoterapia psicanalítica, onde a dança entre a coerência e a incoerência é facilitada pelo terapeuta e nos “tornamos verdadeiros na procura da verdade”, como dizia Freud . A busca da verdade (não moralística) vai alimentar a possibilidade de novas descobertas e a comunicação, gerando criatividade, fortalecendo a identidade e favorendo o alargamento do universo mental.

Sabendo como os actores tão bem o sabem, que a distinção entre a verdade e a mentira, ou o fingido, não é um processo claro ou fácil, mas uma caminhada paciente e criativa em prol da descoberta de si e do sentido da vida.


Isabel Botelho


sábado, fevereiro 18, 2012

ARQUITECTURA: LONGE OU PERTO?

Espanta-me sempre que não haja mais pessoas a interessarem-se por arquitectura. Afinal, tem a ver com a nossa vida de todos os dias. Ou não?
A mim flige-me estar nun sítio feio e com horríveis edifícios. Felizmente que Lisboa tem o sol e esta espantosa luz para cobrir (em parte) as fealdades várias, qual doença de pele que parece proliferar.
O site Dezeen é maravilhoso, para quem queira penetrar neste mundo da estética (interior e exterior).
Deixo-vos com um moderno edifício na China:

http://www.dezeen.com/2012/02/06/vanke-triple-v-gallery-by-ministry-of-design/

sábado, abril 30, 2011

Madoff

Há umas semanas saiu no jornal Expresso um suplemento com uma entrevista a Madoff, autor da maior fraude financeira de sempre. Um dos pontos altos do texto foi a alegada pergunta de Madoff à sua terapeuta, na prisão: “sou um sociopata?”. A resposta foi claramente negativa, acrescentando, em jeito de justificação, que ele tem uma moral e remorsos.

Ao ler a narrativa de Madoff sobre tudo o que aconteceu, nomeadamente depois de ter confessado a fraude e depois de todas as consequências destrutivas que isso teve em termos familiares (suicídio de um dos seus 2 filhos, por ex.), descobrimos que, afinal, talvez não seja o monstro que se poderia pensar. Dando também crédito à opinião da sua psicóloga, poder-se-á entender o sucedido não apenas evocando o seu “defeito de carácter”, mas também como a conjugação entre uma oportunidade aliciante vinda do exterior em determinada altura e uma personalidade frágil, provavelmente com carências narcísicas importantes e um traço psicopático (mais ou menos) latente. Em certa medida, é caso para perguntar até que ponto a “ocasião faz o ladrão”. Porque se é verdade que neste caso o ladrão também forjou a ocasião, Madoff poderia tê-la forjado em muitas outras ocasiões, coisa que, (é-nos dado a crer) não fez.

Não era pois um grande sociopata à espera da primeira oportunidade para enriquecer à custa de quem fosse. Não. Como se costuma dizer, “o poder corrompe”. E talvez seja esta mistura de factores (constitucionais – de personalidade – e ambientais) que, na maioria das vezes, originarão a corrupção dos poderosos de que tanto se fala.

Talvez um dos factores mais preocupantes do modus operandi da nossa sociedade democrática seja o aperfeiçoamento cada vez mais perverso do controlo das massas: actualmente já não se pode conquistar à força um povo mas sim seduzi-lo, aliciá-lo, manipulá-lo. E é esta relação pública cada vez mais “marketinguizada” que parece levar a uma banalização da mentira e do engano. Já não sofremos com a tirania agressiva e opressora de um ditador, mas com a manipulação passivo-agressiva de cada vez mais agentes sociais: políticos, indústrias, patrões, etc. É o tempo da tirania dos lobbies e das massas que são manipuladas sem saberem que o são. E esta tendência é perigosa porque, de certa maneira, estimula o traço psicopático que existe em maior ou menor quantidade em cada um de nós, banalizando-o, legitimando-o e até inevitabilizando-o no novo homo economicus.

sábado, abril 02, 2011

A CRISE

Agora que é visível para todos que estamos no "olho da tempestade" (mesmo para aqueles que não viam, ou fingiam não ver), e enquanto o nosso presidente, os partidos, o Fundo Europeu/FMI se concertam (e vamos esperar que o concerto não seja a morte do doente), é altura de pensarmos como é que este país poderá produzir, exportar, crescer. Sem isso, não há austeridade que nos valha e espera-nos um empobrecimento generalizado e miserável.
Este país precisa de gastar menos mas também de trabalhar mais e melhor (o que inclui também ser melhor governado). O nosso tecido empresarial, fraco, precisa urgentemente de novos empreendedores. O que é que faz um empreendedor?

Quem estiver interessado, leia o meu próximo post, em que alinhavarei umas ideias sobre o assunto.

quarta-feira, março 30, 2011

Pare, repare e escute


Foi realizada uma experiência socio-artística em que um dos melhores violinistas do mundo foi tocar violino à beira do metro, de boné, calças de ganga e o seu violino Stradivarius de 3 milhões de dollars... Nada de mais, como se pode ver!

O que é que aconteceu durante estes 45 min. de música sublime, anteriormente reproduzida num concerto onde os melhores lugares custavam mil dollars? Praticamente nada... Sem os holofotes dos media em cima, sem a moldura dourada em redor, sem anúncio nem pronúncio dos experts, é caso para dizer "dá Deus nozes a quem não tem dentes"!

Será que a arte, a beleza e a virtude artísticas são assim tão relativas e enviesadas pelo prestígio socialmente atribuído por uma classe reconhecida? Ou serão as pessoas maioritariamente desdentadas?

Num mundo onde os valores politico-económicos se alevantam, o "ser" parece tender a desvanecer-se perante as cores berrantes do "ter". "Ter" esse que, quando em défice, quando em crise, parece produzir o caos e o desespero vãos. Sem querer esquecer a miséria dos que verdadeiramente não têm, podemos pensar também nos que "têm" ou querem "ter" porque não "são" nem conseguem "ser". E por isso corremos para o trabalho e para casa, vindos do trabalho, para ir ver ("ter"!) o concerto luxuoso que adquirimos por 70€, quando acabámos de passar por um de 1000 dollars mesmo à nossa beira... Mas esse... esse não tem preço e por isso não vale nada.




sábado, março 05, 2011

21 IDEIAS FORA DA CAIXA PARA MUDAR PORTUGAL

É de ler o journal Público de hoje. António Câmara, CEO da YDreams aceitou ser "director por um dia".
No suplemento P2, que hoje é mais do que um suplemento, ele pretendeu dar voz aqueles que pensam "fora da caixa" e normalmente não sao ouvidos. Muito interessante.
Hà quem tenha ideas e faça coisas, há quem arrisque todos os dias num paîs melhor, menos cinzentāo, triste,desconfiado, imobilista, conformado, corporativista, atento, venerador e obrigado.

http://jornal.publico.pt/

sexta-feira, dezembro 10, 2010

SUICÍDIOS E HOMICÍDIOS

Acabei de ler em

http://www.huffingtonpost.com/marina-picciotto/depression-treatment-new-advances_b_793454.html?utm_source=DailyBrief&utm_campaign=121010&utm_medium=email&utm_content=BlogEntry&utm_term=Daily+Brief

que o numero de suicîdios nos EUA é quase o dobro do numero de homicídios.
Sabendo-se que existe uma relação intensa entre a depressão profunda e o suicidio, estes numeros dão que pensar.
Vivemos tempos difîceis, e a Europa não é excepção, antes pelo contrário. No nosso paîs, existe a agravante de uma taxa de desemprego muito elevada, com tendência para aumentar. E as perspectivas de crescimento económico, única saîda para a crise, não são brilhantes.
Devemos baixar os braços? Não. Pelo contràrio, temos de fazer melhor aquilo que fazemos e adquirir novas competências. Temos de ser exigentes com nós próprios e com quem escolhemos para governar - acho que já ninguém duvida de que a incompetência e a irresponsabilidade foram longe demais. E não é só de agora.

domingo, outubro 10, 2010

EM CASA DOS PAIS

O Eurostat publicou uns números interessantes (disponíveis no site) sobre a percentagem de jovens adultos, na UE, q vivem com os pais. Portugal surge como um dos campeões, com 47,6% dos homens entre 25 e 34 anos a viverem com os pais. Mas há pior, como a Bulgaria, a Eslovenia e Eslováquia. Já nos países nórdicos a independência parece que se conquista cedo.
Haverá razoes económicas, certamente. Mas tenho para mim que muito disto é cultural. Ai, as maezinhas... E os filhos acomodados...

segunda-feira, julho 12, 2010

GRANDE IDEIA!


 O jornal i tem diariamente uma pequena secção em uma pessoa é convidada a formular uma ideia para Portugal.
Na de hoje, Maria do Rosário Pedreira, editora de um grande grupo editorial, sugere o seguinte:

"Todos os dias vejo outdoors, folhetos, correspondência, tabuletas, toldos, ementas, jornais e revistas com erros de ortografia, pontuação e concordância; sendo responsáveis pela propagação destes erros, as empresas que os cometem deveriam pagar uma multa (ainda que simbólica), cujo valor remetesse para instutuições ligadas à educação".

Ora aqui está uma grande ideia, que talvez pudesse estancar a temível poluição gramatical e contribuir para ajudar o depauperado orçamento de Estado. Eu não me importo de pagar cada vez que me enganar a escrever neste e noutros blogues, se isso puder ajudar a despoluir o ambiente.

quinta-feira, julho 08, 2010

ESTE PAÍS É PARA VELHOS?

                                 (photo credits: scrapetv)

Li esta fim de semana uma notícia bastante mal redigida, mas em que ressaltava a seguinte informação: de acordo com uma sondagem, os jovens portugueses considerariam que a velhice começava aos 51 anos! Acresce que no resto da Europa a idade indicada pelos jovens é muito superior, dizia também a tal notícia.
É certo que não sabemos sequer que idade têm estes jovens da amostra. Serão crianças? (caso em que seria mais compreensível). Mas vamos supôr que não são, que terão entre 18 e 25 anos, por exemplo. Onde diabo terão eles ido buscar esta ideia de aos 50 anos se ser um velho?
Depois de muito matutar, concluí que só pode ser por culpa dos pais. Ou seja, é provável que ouvindo os pais, tios, etc, a queixarem-se interminavelmente de que a reforma nunca mais chega, e outras lamúrias do género, tenham formado esta extraordinária concepção de uma velhice prematura.
Já aqui tenho várias vezes falado desta tendência que nós temos para não gostarmos do que fazemos. Ou melhor: parece que não fazemos o que gostamos. E por que será?
Fracas escolhas na escolha da área de estudos? Poucas escolhas profissionais? Falta de brio? Desmotivação? Ética de trabalho deficiente? Patrões e chefes chatos? Concepção do trabalho como "emprego"?
Eis algo que nos devia fazer pensar.

sábado, janeiro 16, 2010

FILHOS ADOLESCENTES E S/ NAMORADO(A)S



http://www.ionline.pt/conteudo/42181-a-namorada-pode-dormir-ca-em-casa

(foto: Público)

Na sua  coluna de hoje do Público (link acima) José Couto Nogueira responde a uma questão posta por uma mãe com um filho adolescente, que pretendia que a namorada (com 16 anos) dormisse com ele em casa dos pais.
Pelo que sei, este tipo de questão, impensável há uns anos atrás, põe-se frequentemente às  mães e pais com filhos que ainda vivem com aqueles (é um facto que cada vez saem mais tarde de casa...). Muitos pais não sabem o que hão- responder, seja por medo de conflitos, seja com medo de parecerem antiquados, seja por não saberem mesmo lidar com este tipo de reinvidicações.
Pela sua pertinência, achei que valia a pena trazer aqui o assunto. Queiram pronunciar-se.

terça-feira, janeiro 12, 2010

AS MULHERES E O MERCADO DE TRABALHO




Segundo o Expresso/ The Economist (existe já um um acordo The Economist/Expresso, de maneira que alguns artigos podem ser lidos neste semanário - é o caso deste) o sexo feminino ultrapassará o patamar dois 50% e passará a constituir uma maioria da poulação activa americana. Nos países escandinavos, onde 40% dos legisaladores são mulheres, esta percentagem é já maior e sobretudo existe uma redecde creches muito eficaz.
Mas resta ainda muito por fazer: os ordenados das mulheres continuam a ser sistematicamente mais baixos e poucas mulhres se encontram à frente das grandes empresas.
O desenho acima, de Norman Rockwell (Saturday Evening Post) representa o icon da mulher trabalhadora americana, a Rosie the Riveter, que teve de deitar mãos à obra durante a 2ª Guerra, tal como as suas congéneres na Europa.  Parece um pouco masculina, mas em tempos de guerra não se limpam armas. Foi com a 2ª Guerra que as mulheres entraram em força no mercado de trabalho, movimento esse que se tornou imparável.

sábado, janeiro 02, 2010

TELEMÓVEIS E DIFERENÇAS CULTURAIS



Fiquei a saber, por leituras ao fim da manhã, uma série de coisas fascinantes e que espelham as diferenças culturais entre os vários povos no que respeita ao uso de telemóveis e smartphones. Por exemplo:
As palavras usadas para designar os telefones móveis reflectem as prioridades de cada sociedade. Assim, enquanto os ingleses (e nós) chamam mobiles a estas engenhocas, acentuando o aspecto da própria mobilidade, os americanos acentuam o lado tecnológico e chamam-lhe cellular. Já os alemães, sempre práticos, designam-nos por Handy, o que enfatiza o facto de caber na palma da mão. É tb os casos com os chineses: sho ji (hand machine).
E quem fala mais ao telefone (versus texto)? Não os japoneses, que preferem textar, e para quem é mal-educado conversar ao telefone de modo a ser ouvido. Mas os americanos e mais ainda os porto-riquenos. Falam que se fartam.
E como se fala ou se escreve? Os parisienses e os madrilenos fazem-no nos passeios ou mesmo na rua, os londrinos parece que têm o hábito de se juntar nas entradas do metro. Aqui em Portugal todos sabemos da vida de todos: é no autocarro, no metro, até no cinema!
O uso dos móveis e smartphones na rua também reflecte o uso e a concepção que fazemos das cidades (outro tópico interessantíssimo e sobre o qual gostava de saber mais para poder escrever sobre ele). Há cidades onde nos deslocamos de um lado para outro, há cidades onde as pessoas se passeiam, etc etc. Paris é a cidade dos flâneures (eu pelo menos flâno que me farto quando lá vou...).
Outro tópico tem a ver com a cobertura: os finlandeses privilegiam as operadoras que prporcionam cobertura nos túneis (et pour cause).
Tb há quem personalize os tel. móveis. Mas não na Índia, onde se revendem. Aí, as mulheres costumam usá-los em bolsas coloridas.
E os indonésios: são os campeões das mensagens escritas (porventura refletindo a dispersão geográfica).
Tudo isto e muito mais fiquei a saber lendo...................adivinhem onde!

http://www.economist.com/displayStory.cfm?story_id=15172850&source=features_box_main

terça-feira, dezembro 22, 2009

POBRETES MAS ALEGRETES?

Está a decorrer neste momento na revista The Economist um debate online sobre os tempos de trabalho europeus e americanos em termos de férias e feriados.
A questão não tem nada de ocioso, sobretudo numa altura em que as dificuldades apertam e muitas sociedades (muito especialmente a portuguesa!) estão a empobrecer.
O ponto de partida é muito simples: apesar da produtividade ter aumentado mais na Europa do que nos USA, o rendimento per capita europeu permanece à volta dos 70% do dos norte-americanos.
Quem quer participar no debate? Lá porque somos portugueses não temos de ser desinteressados.

http://www.economist.com/debate/days/view/435

sábado, dezembro 05, 2009

A VIDA SEXUAL DOS ANIMAIS


Li este fim de semana na revista Visão, uma notícia espantosa. Uma empresa brasileira chamada Petsmiling estaria a comercializar cadelas insufláveis.
O objecto, que dá pelo nome de DoggieLoverDoll, tem 18 cm de altura e cor vermelha (ver fotog. junta). Proporcionaria um aumento do bem estar (tanto físico como psicológico) dos nossos cãezinhos e, dizem os seus promotores, evitaria o embaraçante roçar nas pernas das visitas a que se dedicam alguns destes animais de companhia.
Sou suspeita: tenho um adorável basset-hound, cheio de personalidade, mas que, fruto talvez da irrepreensível educação sexual que lhe proporcionámos, nunca andou a roçar por ninguém. Estive a ver o site, e a olhar com atenção para as fotografias da boneca, sob os vários ângulos. O tal canal é bem visível, mas acho a cor muito estranha e pouco apelativa (uma cadela vermelha?! Parece um jelly). E, se bem conheço a psicologia canina, outra coisa me confunde: então e o cheiro? Já não interessa? E o pêlo? Será que também os cães optaram pela moda (importada do Brasil, lá está...) da depilação total?
Enfim, como vêem, estou decepcionada com as características do objecto, que me parece demasiado funcional e pouco sensorial. Acho que não vou oferecer ao Jonas este presente pelo Natal. Quero o melhor para ele, mas... "less is more", como dizia a Elsa no seu último post sobre os presentes nesta quadra.

terça-feira, dezembro 01, 2009

MAIS UMA VEZ A QUESTÃO: FILHOS E/OU CARREIRA?

Há umas semanas atrás andámos a discutir o assunto, aqui  e noutros blogs. Algumas pessoas mostraram-se indignadas com o facto de algumas mulheres privilegiarem a carreira, outras os filhos. O dilema continua (e continuará), como se pode ver pelo espaço que o jornal i dedica ao assunto na sua edição de ontem e que pode ser lida online em:


http://www.ionline.pt/conteudo/35392-quanto-maior-licenca-parto-mais-dificil-e-chegar-ao-topo-da-carreira

Algumas das mulheres entrevistadas (na versão em papel) enfatizam a necessidade de avós, amas ou empregadas, sem as quais não teriam podido compatibilizar as duas coisas. Para a presidente da EDP Renováveis, a chave do sucesso está em escolher bem o marido.
Uma conclusão (estatística) ressalta do estudo levado a cabo pelo Instituto de investigação em Economia Industrial da Suécia: quanta mais longa é a liceça de maternidade, menos hipótese há de as mulheres atingirem o topo da carreira. Vejam os gráficos.

segunda-feira, novembro 30, 2009

O FIM DOS HOSPITAIS PARA CRIANÇAS?

Francisco Sarsfield Cabral analisa na sua crónica de hoje no Público a hipótese (será já decisão?) de encerrar o Hosp. de D. Estefânia e transferir todos os serviços de tratamento de crianças para um hospital geral, com adultos, em Chelas.
Escreve ele:
"Não posso qualquer qualificação profissional (...) para emitir opinião nesta matéria mas permito-me reclamar bom senso (...) O tratamento diferenciado das crianças atenua-lhes o sofrimento, como tive oportunidade de ver (...). Numa altura em que a medicina  e os hospitais, a par de enormes progressos, tendem a tornar-se frios e desumanizados, manter cuidados pediátricos autónomos num hospital especializado em crianças é um factor de humanização".
Concordo absolutamente com FSC. A desumanização nos hospitais (e não só) é crescente e repugnante, como eu própria, por infelizes circunstâncias, fui obrigada a testemunhar há poucos anos num outro grande hospital, o de Sta. Maria.  Que ao menos se protejam as nossa crianças, já que os adultos se tornaram uma espécie de carne para talhante. Dir-me-ão que o fenómeno da desumanização, se tem vindo a alastrar a outras áreas da sociedade, e não só à saúde. É verdade. Não é só entre a classe médica que encontramos indiferentes, idiotas, corruptos ou carniceiros (como também boas pessoas e bons profissionais, sem dúvida). Mas uma criança doente, é uma coisa de tal modo aflitiva, que temos de pensar se não poderemos fazer nada para  contrariar esta lamentável tendência para a desumanização. Comecemos por aí. É, como diz FSC, uma questão de cidadania. Nos Estados estão a construir-se novos hospitais pediátricos. E aqui?

domingo, novembro 22, 2009

MENTES CORRUPTAS VS. MENTES BRILHANTES



(foto: http://smallbusinessonlinecommunity.bankofamerica.com)

Ricardo Reis publicou no i de ontem (www.ionline.pt) um artigo sobre os malefícios da corrupção. Trata-se de uma assunto sobre o qual temos às vezes tendência para encolher os ombros e pensar "isso é lá com eles, desde que as coisas funcionem...".  Mas é capaz de não ser assim tão simples.
Ricardo Reis, um ecomista da Univ. de Columbia, refere 3 razões fundamentais para acabar ou pelo menos tentar reduzir a corrupção (note-se que Portugal é um dos países mais corruptos do mundo). Vou tentar sintetizá-las. Uma é sobretudo de ordem ética e duas de ordem mais económico/social:
1ª A corrupção, ao permitir contornar a burocracia, gera mais burocracia, porque os funcionários terão razões acrescidas para complicar regulamentos, aumentar o grau de discricionaridade, etc.
2ª A corrupção subverte as regras do mercado: o empresário que prospera não é o que produz mais, melhor e com menos custos para o consumidor, mas aquele que tem uma rede de corrupção bem montada e com contactos ao nível do aparelho do Estado ("monstro" que em Portugal consome mais de metade da riqueza produzida!)
3ª A corrupção funciona como um imposto regressivo, aumentando a desigualdade. Os mais ricos e poderosos são os que têm mais fácil acesso aos funcionários e outros agentes corruptíveis. Como escreve R. Reis, "a corrupção fica-lhes mais barata".