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sexta-feira, dezembro 06, 2013

ACREDITAR NO PAI NATAL: SIM OU NÃO?

O Pai Natal é provavelmente a personagem culturalmente mais difundida, sendo difícil contrariar a crença espontânea da criança nesta figura.

É frequente os pais questionarem-se sobre se devem ou não promover esta crença e até quando. É igualmente habitual a discussão sobre o certo ou errado de mentir à criança.

Alguns especialistas referem que promover esta crença é uma mentira que pode pôr em causa a confiança da criança nos pais e que, por outro lado, abre precedentes uma vez que os pais são o modelo e, se os pais mentem, a criança também pode mentir. Por outro lado, é referida a possibilidade de vivências traumáticas face à desilusão da descoberta da verdade.

Entre os 3 e os 7 anos, as crianças utilizam o pensamento mágico, sobretudo quando as suas expetativas são comprometidas. Há quem defenda que o Pai Natal não faz parte do imaginário espontâneo da criança, uma vez que é imposto pela cultura e pelos adultos, pelo que a “mentira” seria indesculpável. Deste modo seria mais aceitável “brincar ao Pai Natal” em vez de acreditar no Pai Natal.

Como em quase tudo na infância, penso que o importante é seguir a criança. As crianças criam as suas próprias fantasias independentemente das criações do adulto e até aos 7 anos será difícil desviá-la da atração simbólica do velhote de barbas brancas. Da mesma forma que depois desta idade será difícil distraí-la das inconsistências que vai detetando à medida que o seu raciocínio lógico se instala. Para além do questionamento individual que vai fazendo, vai também sempre existir uma criança cuja fantasia natalícia foi contrariada e que fará a revelação: “o Pai Natal não existe”.

Eu defendo que as crianças devem acreditar no Pai Natal (e na Fada dos Dentes!) e que devem descobrir a realidade por si próprias. Há formas de conduzir esta fantasia, sem uma mentira explícita, respondendo às questões da criança com outra questão “O que é que tu pensas sobre o Pai Natal?”, mais do que com explicações complexas e elaboradas sobre a sua existência ou não.

É verdade que as crianças podem ficar verdadeiramente desiludidas quando descobrem a realidade, mas também é verdade que a verdade, os valores, a confiança, a segurança são transmitidos e solidificados ao longo de 365 dias por ano. E se estas bases forem sólidas, não será uma fantasia que dura no máximo um mês que vai pôr em causa a integridade emocional da criança.

É claro que há alguns fatores a ter em conta. A ideia de que alguém pode entrar em casa pela chaminé pode ser assustadora, pelo que é importante assegurar que tal só acontece com a autorização dos pais e que mais ninguém, em mais nenhum dia, pode lá entrar.

Parece-me que mais aterradora é a tentativa muitas vezes forçada de obter uma fotografia com a criança sentada ao colo do Pai Natal. Uma coisa é aquela figura simpática dos livros e dos filmes, outra coisa é a confrontação com um “gigante” de barbas. Se a criança revela sinais de desconforto, força-la a este encontro é que pode ser traumático. A propósito deste aspeto, quando vejo crianças aterrorizadas ao colo do Pai Natal, penso muitas vezes numa possível resposta a uma ameaça habitual que os pais fazem: “se te portas mal, vem aí o homem do saco (ou o velho)”.


Parece-me que as práticas diárias terão muito mais influência na forma como a criança lida com esta fantasia e com a descoberta da realidade, do que propriamente a construção da fantasia em si.

Alexandra Barros
Psicóloga Clínica/Psicoterapeuta
Diretora do Departamento de Infância

segunda-feira, março 11, 2013

DO BEBÉ IMAGINÁRIO AO BEBÉ REAL


Desde o início da gravidez (até antes), a representação que os pais fazem do seu bebé não é a de um feto em desenvolvimento, mas a de um bebé completo e saudável; é o bebé imaginário, de sonho.

A personificação vai sendo feita através da escolha do nome, da compra de roupas, da preparação do quarto e da atribuição de significado aos movimentos fetais. Há uma grande ambivalência de sentimentos: alegria e medo. Os medos atingem o seu exponencial por volta dos 7 meses de gestação, altura em que as características fantasiadas do bebé imaginário se começam a aproximar mais do bebé real. São frequentes pesadelos e receios de deficiência ou malformações. Ao longo de toda a gravidez, vai-se criando o vínculo ao bebé, havendo nova adaptação aquando do nascimento do bebé real.

Depois do parto, a mãe ressente-se muitas vezes com o facto de já não ser o centro das atenções e pela vivência de que o bebé já não é só dela. O pai, que muitas vezes se sente posto de parte nas tarefas parentais, pode tornar-se competitivo agora que tem acesso ao bebé que antes podia sentir apenas através da mãe.

Pai e mãe devem funcionar como equipa, cada um com a sua individualidade, especificidade e competência. A licença de paternidade é um sinal de mudança, associada a um maior reconhecimento da sua importância no desenvolvimento do bebé, bem como a uma maior disponibilidade para se envolver na dinâmica familiar.