quinta-feira, agosto 07, 2014

O pensador e o pensamento


Existe alguma relação entre o pensador e seu pensamento, ou existe apenas pensamento e não um pensador? 
Se não houver pensamentos não há pensador. 
Quando você tem pensamentos, existe um pensador? 
Percebendo a impermanência dos pensamentos, o próprio pensamento cria o pensador que lhe confere permanência; então o pensamento cria o pensador; e o pensador se estabelece como uma entidade permanente apartada dos pensamentos que estão sempre em estado de fluxo. Assim, o pensamento cria o pensador e não o contrário. 
O pensador não cria o pensamento, pois se não houver pensamentos, não há pensador. O pensador se separa de sua origem e tenta estabelecer uma relação, uma relação entre o chamado permanente, que é o pensador criado pelo pensamento, e o impermanente ou transitório, que é o pensamento. Então, ambos são realmente transitórios. Vá investigar o pensamento completamente até seu fim. Reflita nele inteiramente, sinta-o e descubra por si mesmo o que acontece. Descobrirá que não existe absolutamente pensador. Pois quando o pensamento cessa, o pensador não existe. 
Nós pensamos que existem dois estados, o pensador e o pensamento. Estes dois estados são fictícios, irreais. Existe apenas pensamento, e o fardo de pensamento cria o “eu”, o pensador. - 

Krishnamurti, What Are You Doing with Your Life?

1 comentário:

Anónimo disse...

Há quem pense que somos controlados pelos pensamentos e emoções.
Eu admito, como mais consistente com a realidade dos factos, que o corpo/cérebro produz com uma determinada finalidade, ainda mal conhecida, esses mesmos pensamentos e emoções.
Há pensamentos e emoções produzidos que precedem a acção assim como os há durante e após.
O princípio da causalidade é um princípio basilar no funcionamento do nosso cérebro sempre presente no nosso processo de interagir com o mundo “interno” e externo.
Embora o mundo externo esteja lá fora, nós interagimos com ele
através de um “modelo” construído no cérebro em conjunção com os vários sinais dos sentidos que “alimentam” esse “modelo”.
Provavelmente, o facto de haver sempre pensamentos e, ou emoções que precedem as nossas acções aliado ao princípio base de causalidade, faz com que esses mesmos pensamentos e emoções sejam considerados as causas das nossas acções, ou, pelo menos, os gatilhos que as despoletam.
O nosso cérebro tem programas complexos para analisar cada situação em que o respectivo corpo se encontra, sendo os pensamentos e emoções que são apresentados sucessivamente à consciência uma parte do processo de execução desse programa que finalmente produzirá uma acção.
Dito isto, krisnamurti, que muito me ensinou, revela aqui, no seu post, a luta titânica de mais um cérebro brilhante a tentar resolver em vão, o árduo problema da consciência.