domingo, novembro 22, 2009

MENTES CORRUPTAS VS. MENTES BRILHANTES



(foto: http://smallbusinessonlinecommunity.bankofamerica.com)

Ricardo Reis publicou no i de ontem (www.ionline.pt) um artigo sobre os malefícios da corrupção. Trata-se de uma assunto sobre o qual temos às vezes tendência para encolher os ombros e pensar "isso é lá com eles, desde que as coisas funcionem...".  Mas é capaz de não ser assim tão simples.
Ricardo Reis, um ecomista da Univ. de Columbia, refere 3 razões fundamentais para acabar ou pelo menos tentar reduzir a corrupção (note-se que Portugal é um dos países mais corruptos do mundo). Vou tentar sintetizá-las. Uma é sobretudo de ordem ética e duas de ordem mais económico/social:
1ª A corrupção, ao permitir contornar a burocracia, gera mais burocracia, porque os funcionários terão razões acrescidas para complicar regulamentos, aumentar o grau de discricionaridade, etc.
2ª A corrupção subverte as regras do mercado: o empresário que prospera não é o que produz mais, melhor e com menos custos para o consumidor, mas aquele que tem uma rede de corrupção bem montada e com contactos ao nível do aparelho do Estado ("monstro" que em Portugal consome mais de metade da riqueza produzida!)
3ª A corrupção funciona como um imposto regressivo, aumentando a desigualdade. Os mais ricos e poderosos são os que têm mais fácil acesso aos funcionários e outros agentes corruptíveis. Como escreve R. Reis, "a corrupção fica-lhes mais barata".

3 comentários:

Ana Almeida disse...

Olá Clara,

Acho este tema do maior interesse! A questão da corrupção, na minha opinião, prende-se por um lado com as mentalidades individuais e com o grau de sofisticação da sociedade. Uma sociedade corrupta e a mentalidade individualista e narcisista do corrupto revelam uma sociedade pouco elaborada e sofisticada em termos emocionais. É na lógica das dinâmicas sado-masoquistas que psicanaliticamente, na minha opinião, se pode compreender a corrupção.

Clara Pracana disse...

Sim, tb julgo que uma sociedade corrupta revela uma imperfeição institucional que espelha o seu primitivismo em termos de funcionamento colectivo. Ou seja, o contrato civilizacional não está funcionar como devia, e não tem o adequado sistema de checks and balances (há depois umas nuances culturais que vêm complicar este meu ponto de vista. Veja-se o caso de Itália).
De um ponto de vida individual, o corruptor exerce sem dúvida um poder, o de corromper a mente do outro, manipulá-lo, usá-lo. Dizem os praticantes que dá gozo. É triste.

Clara Pracana disse...

Não se pense, pelo meu ultimo post, que vejo o corrompido como a vítima. Como em toda a relação sado-masoquista, é um jogo entre egos. Pelo qual todos pagamos, como fica claríssimo com a leitura do artigo de Ricardo Reis.