segunda-feira, maio 14, 2007

Interaccção mãe/criança pobre em mães com Esquizofrenia



Investigadores observaram que mães com Esquizofrenia frequentemente evidenciam falta de resposta/sensibilidade maternal e que tal facto pode levar a comportamentos de evitamento por parte das crianças. Ming Wai Wan (Universidade de Manchester, Reino Unido) e colegas observaram que o comportamento de interacção entre mães com Esquizofrenia e suas crianças é de pior qualidade do que aquele que é observado nos casos de mães com Perturbações de Humor. “Os comportamentos de interacção pobre nestas díades mãe/criança podem ter efeitos significativos nas relações de vinculação e ajustamento social”, comentam estes investigadores. Observaram 38 mulheres com doença perinatal severa, incluindo 13 com Esquizofrenia e 25 com Perturbação de Humor enquanto estas interagiam com as suas crianças, uma semana antes destas obterem alta duma unidade psiquiátrica mãe/bebé. As mães com Esquizofrenia eram significativamente menos afectuosas e menos aceitantes do que as mães com Perturbação de Humor. Adicionalmente as crianças das mães com Esquizofrenia eram significativamente mais evitantes e menos comunicativas, menos envolvidas com o meio ambiente e menos activas (com “pouca vida”) comparativamente com as mães com Perturbação de Humor. A interacção da díade como um todo entre as mães com Esquizofrenia e suas crianças era notoriamente menos satisfatória mutuamente, mais séria, menos recíproca do que no grupo com Perturbação de Humor. Wan e equipa escreveram na revista Psychological Medicine que não é certo se as crianças se tornam auto-centradas e mais evitantes para se protegerem da falta de resposta, do cuidado débil e intrusivo, ou se por outro lado é o comportamento da criança que afecta adversamente a vinculação ao bebé. Wan e equipa observaram que longa duração de doença ou doses elevadas de medicação não explicavam a pobreza das relações entre mães com Esquizofrenia e seus bebés. Contudo ter um parceiro ou um status socio-económico elevado proporciona alguma protecção. Wan e equipa concluem que as suas descobertas sugerem que tratar os sintomas da Esquizofrenia ou providenciar apoio social podem não ser suficientes para melhorar a interacção mãe/criança no grupo em causa. As intervenções dever-se-iam focar na melhoria/aumento da sensibilidade e resposta maternais, estimulação dos bebés e satisfação mútua na relação.

WAN, MING WAI ; SALMON, MARGARET P. ; RIORDAN, DENISE M. ; APPLEBY, LOUIS ; WEBB, ROGER; ABEL , KATHRYN M. ,(2007), What predicts poor mother-infant interaction in schizophrenia?, Cambridge, Psychological Medicine, 37: 537-546 Cambridge University Press.
Photo by Anne Gueddes

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