quinta-feira, dezembro 28, 2006

8 Factores de burnout no casamento.




Segundo Pines (1996) existem oito factores chave para o desenvolver do burnout conjugal. Passarei a enumera-los:

1- As pessoas que acreditam no amor romântico esperam do compromisso da sua vida, um sentido muito significativo.
2- Há uma relação directa entre o amor romântico e o burnout. Estar apaixonado é o estado inicial e o pré-requisito para o processo de burnout.
3- Apesar da singularidade da experiência de estar apaixonado, o “como” e o “porquê” da experiência são universais.
4- Existe uma interacção entre os parceiros e o ambiente. Não é a maneira de ser do parceiro que causa o burnout, mas antes a destruição de um ideal romântico frente a stressores situacionais que são erradamente atribuídos ao companheiro.
5- O ambiente não é a totalidade da realidade objectiva externa. Cada um de nós experiência uma percepção subjectiva representativa do mundo.
6- A esperança que o amor romântico resulte, é marcada pelos valores culturais, vem das expectativas pessoais e faz parte do sistema de crenças. As expectativas são activadas quando as pessoas se apaixonam e assumem a sua maior expressão quando é assumido um compromisso. Esta esperança exerce um efeito poderoso na relação, particularmente quando inconsciente e não abertamente verbalizado. A força deste efeito é sobretudo, pela sua forte associação à essência da vida.
7- A frustração das expectativas românticas causa amargura, desapontamento e com isso a erosão no amor e no casamento. De qualquer maneira, a realização de expectativas não é por si só uma garantia contra o burnout. As ideias românticas podem ser frustradas com a pessoa, no entanto, podendo ainda manter um sentido à essência da vida.
8- A interacção entre o casal e o ambiente percebido, pode ser positiva ou negativa, para a relação amorosa. No melhor dos casos, existe um equilíbrio entre segurança e desenvolvimento, traduzindo-se numa relação amorosa em crescimento, daí provem vida com sentido e significado. Na pior das circunstâncias advém a morte do amor, o burnout conjugal.

Este post já vai extenso e como tal comentarei apenas o primeiro ponto.
A expectativa criada à volta de um relacionamento pode ser a corda que o vai estrangular a longo prazo. Ou seja, se não estivermos cientes que o nosso bem-estar psicológico depende unicamente de nós, estamos a atribuir ao outro a responsabilidade mágica da nossa felicidade.
E isso é uma responsabilidade do tamanho do mundo!

Portanto, a vida não é apenas a relação conjugal… é muito mais que isso. E pode nem ter uma relação conjugal, que continua a ser uma vida com alegria e significado para o sujeito.

5 comentários:

Anónimo disse...

A rotina, até um certo ponto, é vista como essencial na vida de qualquer indivíduo. No caso de esta se quebrar constantemente, corre-se o risco do sujeito perder o sentido do que faz, não encontrar na sua vida uma base segura à qual se agarrar, experienciar sentimentos de estar a "vaguear sem porto seguro". Contudo, e especialmente numa relação a dois, e como já é sabido pelo senso comum, o risco de a rotina se tornar num fardo, é especialmente tido em conta. Contudo, pequenas tarefas poderão minimizar fenómenos como o burnout, o stress, a fadiga, o cansaço, etc.. O conhecido fenómeno da "habituação" (note-se que este conceito remete para o campo da psicologia experimental e não para o conceito de "habituação" fortemente explorado pelo senso comum) poderá ser um elemento chave para as suas resoluções (ainda que parcial). Quando presente a um mesmo estímulo, de forma repetida/sistemática, um organismo tende a diminuir a resposta que a este estava associado. Há todo um background neurofisiológico (associado à alteração de elementos pré-sinapticos- estudos de E. Kandel com aplísia) que explica e fundamenta tal fenómeno. Então, o que fazer? O que se faz quando se está farto de ouvir a mesma música: muda-se de pista, ouve-se menos vezes essa música, etc. Com isto não quero fomentar um disparo do número de divórcios: não disse para se livrarem do CD, apenas o usarem de formas diferentes... Alterem-se os estímulos, a sua contiguidade, etc. Um casal preso numa rotina desgastante, com problemas ao nível conjugal se optar, por exemplo, por mudar pequenos elementos decorativos do local onde habitualmente têm relações, alterar a frequência das relações, etc., poderão notar logo pequenas melhorias (isto a um nível básico, sem qualquer tipo de intervenção cognitiva...). Mas, como diria o adágio, grão a grão...

Marta Schiappa Pietra disse...

Olá Pedro
Pois é... o amor é um dos mais belos sentimentos que podemos experimentar mas, ao mesmo tempo, o mais poaradoxal e contraditório!
Ao ler o teu post relembrei os mitos românticos que giram à volta das relações, a começar pelo primeiro - Romeu e Julieta - em que morrem por amor em vez de viverem a sua paixão. Poderemos então questionar o que se passa para que o sentimento de amor, que deveria ser generoso, possua dois lados tão opostos e que em nome do amor são cometidas tantas "loucuras"? Outra questão diz respeito ao prazer que intensifica o receio de perda, e no lugar do crescimento do amor aparece uma necessidade de posse inconsciente, posição que abafa o casal, criando condições para a futura ruptura.
Uma coisa sabemos: tudo o que diga respeito ao amor parece-nos enigmático e todas as tentativas de explicação parecem-nos insuficientes. Talvez por isso os poetas continuem a escrever sobre ele...

Heloisa disse...

Caros,
Vivemos em uma democracia. Isso deveria ser positivo em relação às questões de liberdade. Mas é onde mais nos iludimos e achamos que somos livres. Alguns podem dizer que isso acontece porque não vivemos numa democracia de fato, e é onde cometemos o segundo erro. Vivemos sim em uma democracia, mas já desde os grego que isso não significa necessariamente um bom governo, justo e livre. É a ditadura da maioria, e ditadura é sempre ditadura.
Hoje, já nem mais sabemos onde perceber as faltas de liberdade que nos cerca. A Democracia as mascara e as envolve em um pano ameno.
O mundo moderno carrega ainda uma quantidade suficiente de dinheiro e poder, e acaba que tudo vira uma coisa só, tudo é mercadoria, nós somos mercadorias. O que não é, dá-se um jeito de vir a ser.
Mas ainda resta uma coisa que não se transformou em mercadoria completamente: a arte.
Ok, vocês vão dizer: e a indústria fonográfica, publicitária e a mída, e todas essas coisas? Atenção, porque eu digo que arte ainda não se transformou completamente.
E esta arte de que falo é tão intempestiva que ainda lemos romances antigos, e damos valor à obras feitas séculos atrás, pois o sentimento humano é por si só intempestivo.
Mas toda esta volta para dizer que o amor, esta palavra a princípio tão doce e meiga é mais uma mercadoria, cercada do romantismo infantil e vulgar. E já se usa esta palavra corriqueiramente.
Mas assim como a arte, o verdadeiro sentimento de amor, aquele do qual não conseguimos expressar apenas com esta palavra, ainda não se entregou completamente.
E só sabemos disso porque o poeta ainda está vivo, ainda escreve, e por mais que ande pelo mundo, ele será um eterno apaixonado.
Evoé!

Cleopatra disse...

DEixo-vos aqui algo sobre o AMOR

Que a palavra amor seja apagada em todos os escritos,
esquecida em todas as línguas...
Para que jamais me ouças dizer que te amo!...
.
Que a brisa te não volte a acariciar,
que a Lua não olhe mais para ti...
Para que eu não possa mais sentir ciúmes!...
.
Que o Sol não beije mais, a tua pele...
que as flores percam a sua cor e o seu perfume...
que se extinga tudo o que é belo...
Para que eu não possa dizer que toda a beleza do mundo
é um mísero detalhe cénico na divina perfeição do teu corpo!...
.
Que se calem os pássaros, os rios e o mar...
mas que não se faça silêncio...
Para que no meio dele eu não ouça a tua voz!...
.
Que se acabem as canções...
que se proíba a poesia...
Que se extingam os sonhos...
que se apaguem as estrelas...
Para que jamais te possa lembrar!...
.
Apache, Abril de 2006
*
( do Blog http://terrasdelisboa.blogspot.com/ )

posted by Cleopatra | Quinta-feira, Dezembro 14, 2006 | 10 comments


E ainda:

Domingo, Agosto 13, 2006

Se fosse dança era um Tango
Um passo trocado
Um abraço
Quem sabe mais apertado
e desde logo laço
para ser
depois
só compasso
.
Se fosse um livro
era crónica
de um amor adiado
Amor
para sempre
Irado
Perdido dentro
do espaço
vidrado
dentro da óptica
fechado
dentro de um laço
.
Se fosse um dia
era ontem
amanhã já não podia
porque o hoje só se vive
para quem sente
e conjuga
o verbo
do dia a dia
e de noite só comunga
o sonho
do outro dia
.
Se fosse um gesto
era mão
lábio
dedo ou olhar
era carícia
era não
ou quem sabe
o verbo
amar
.
Mas se fosse realmente
aquilo que
deveria ser
teria sempre
uma música
teria sempre
que ler
teria sempre
um sentido
uma dor
uma paixão
um gesto pequeno
um olhar
uma voz
uma razão
...::::::::::::::::::::::..............................
ACCB Junho - 2006 - Cleo
posted by Cleopatra Domingo, Agosto 13, 2006 1 comments links to this post


E talvez ainda:

Cleopatra disse...

"És o meu poema de Amor

*
O meu Amor
*
O meu lindo poema"
.
PG